Paróquia
Santa Margarida Maria

Paróquia Santa Margarida Maria

História da Paróquia

História e Arquitetura da Paróquia, por Piero Tosato

A história da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro está marcada desde seu início pelo caráter empreendedor do colonizador português e pelas obras das ordens religiosas que para cá vieram com a finalidade de evangelizar os gentios e propagar a fé cristã.

Este texto nada mais é do que o reconhecimento da importante contribuição que nos foi dada pela Igreja Católica Apostólica Romana ao desenvolvimento urbano desta cidade. Das mais suntuosas as mais simples, estas edificações religiosas são reconhecidos marcos de nosso passado histórico, é como passear pela nossa cidade e conhecer seus bairros através destas edificações representativas dos diversos estilos arquitetônicos praticados ao longo do tempo, obras barrocas, neoclássicas, neogóticas, art-déco e modernas, entre outras.

Contrastando com o ambiente agitado da metrópole contemporânea ou repousando serena na floresta tropical, em frente ao mar ou a lagoa, essas igrejas ali permanecem em quietude, majestosas na sua forma, expressando a eterna busca do homem em seu caminho ao encontro de Deus. É neste contexto e com esta origem que escrevo, algumas linhas, sobre a IGREJA MATRIZ DA PARÓQUIA SANTA MARGARIDA MARIA, localizada às margens da Lagoa, que já foi habitada pelos Tamoios, que a chamavam de Piraguá (água parada) ou Secopenapan (caminho dos socós), que foi Engenho d’El-Rey, Lagoa de Amorim Soares, Lagoa do Fagundes, até o matrimônio entre Petronilha Fagundes e o jovem oficial de cavalaria portuguesa Rodrigo de Freitas de Carvalho, que deu seu nome a nossa Lagoa, nome este que perdura até hoje. É neste espaço, as margens da Lagoa, que esta localizada a Igreja de Santa Margarida Maria. Sua história teve início na segunda metade do século passado. Ali existia na época a Capela da Congregação dos Sagrados Corações, situada na Rua Almeida Godinho, em 16 de junho de 1939 foi fundada, por decreto do Cardeal Leme da Silveira Cintra, a Paróquia Santa Margarida Maria da Lagoa, sem que houvesse ainda uma igreja para sua sede. A nova Paróquia foi fundada no dia consagrado ao Coração de Jesus tendo a sua instalação ocorrida no dia 18 de junho na capela da referida congregação, sendo confiados a seus religiosos a administração espiritual da mesma. Seu território foi desmembrado das Paróquias de Nossa Senhora da Conceição da Gávea e de São João Batista da Lagoa. A pedra fundamental da nova igreja foi lançada no dia 8 de novembro de 1942. No dia 28 de abri de 1944 a igreja em construção foi designada como sede da paróquia, tendo sua obra sido concluída em 1956, ficando o dia 16 de outubro dedicado a padroeira da igreja, Santa Margarida Maria. É impossível passar por estas redondezas e não vislumbrar, esta igreja de estilo neocolonial com a sua limpa e equilibrada fachada, edificada sobre uma base elevada em relação a rua, esta altura lhe confere uma certa suntuosidade franciscana, composta ainda pela sua larga escadaria de granito com 9 degraus que dão acesso a sua fachada principal com 3 portas, sendo a central a maior todas em madeira escura com talhas regulares. Acima destas 3 portas há uma clarabóia adornada belo vitral representando o Sagrado Coração de Jesus. Nos dois lados do frontão central existem duas torres, que na altura das portas de entrada da fachada principal possuem cada uma delas clarabóias menores. Acima do modulo central da fachada fica um brasão com as insígnias do Cardeal D. Sebastião Leme. Estas duas torres apresentam nos seus primeiros módulos medalhões circulares, e no seguinte, vãos em cada uma de suas quatro faces. O último nível das torres é coberto por uma abóboda com beirais e pináculos dispostos nos seus quatro cantos. Ao entramos na nave principal da igreja, percebemos imediatamente a não existência de para-vento, o que nos possibilita uma apropriação imediata do seu espaço. A esquerda do seu átrio existe uma sala que já foi batistério, a sua direita uma porta de acesso as dependências da igreja, podemos destacar ainda nestas duas laterais dois belos confessionários em madeira. O coro é sustentado por duas enormes colunas, que compõe juntamente com as outras quatro colunas justapostas em cada lateral a unidade da nave central. Estas colunas são adornadas por anjos em seu capitel. Podemos destacar nas paredes laterais de toda nave um lambri em madeira escura com uma bela talha geométrica. O teto principal é abaulado, sendo formado por cinco arcos com um quase imperceptível relevo e ainda um detalhe sinuoso entre o presbítero e o corpo da nave. Em cada lateral da nave, estão dispostos quatro vitrais simbolizando passagens do evangelho que juntamente com quatro janelas semicirculares logo acima da cimalha valorizam a entrada de luz natural. O altar mor é iluminado por uma singela clarabóia no seu teto. No altar a via sacra é representada por belos relevos na cor ocre aplicados sobre a parede e encimados por uma cruz. A pia batismal, com seu tampão de cobre na forma piramidal é de uma enorme simplicidade. A mesa das celebrações e da palavra e o ambão estão posicionados no início do presbitério, e separados do corpo da nave principal por uma por uma mureta de mármore com trabalho em serralheria. Até o altar mor podemos contar oito degraus. O altar mor possui uma beleza e singeleza singular, inicialmente pela sua mesa de mármore, acima dela existe um belíssimo sacrário com porta de prata trabalhada em alto relevo e complementada por uma talha com um crucifixo. No ponto mais alto do altar mor esta localizado um enorme nicho com as imagens do sagrado coração de Jesus e de Santa Margarida Maria, grandes e lindas. Por fim, esta é a IGREJA MATRIZ DA PARÓQUIA SANTA MARGARIDA MARIA, no contexto histórico e arquitetônico, mas existe, outro bem maior e mais importante, ela é o lugar de cada um e de todos nós, é a nossa casa, o lugar da nossa família, a casa do nosso Pai.

Colaboração de Ricardo Macieira


Um pouco da história de Santa Margarida Maria

Margarida nasceu em 22 de agosto de 1647, em Verosvres, na Borgonha, França. Sua formação cultural e religiosa foi feita por monjas clarissas. Porém, desde cedo enfrentou dificuldades. Seu pai morreu e, logo em seguida, Margarida adoeceu. Sofreu com uma doença desconhecida, vivendo algum tempo na cama. Deus suscitou este luzeiro, ou seja portadora da luz que é Cristo, num período em que na Igreja penetravam as trevas do jansenismo: doutrina que pregava um rigorismo que esfriava o amor de muitos e afastava o povo dos Sacramentos.

O nome de Santa Margarida Maria Alacoque está intimamente ligada a fervorosa devoção do Sagrado coração de Jesus. Médicos e remédios não conseguiram curá-la. Margarida, então, fez uma promessa para Nossa Senhora: se fosse curada, dedicaria sua vida ao serviço de Deus. Logo depois ela ficou curada. Convencida de que passara por uma intervenção divina, aos vinte e quatro anos foi para Paray-le-Monial, e entrou para a Ordem da Visitação, fundada por São Francisco de Sales, sessenta anos antes.

Um ano depois, na festividade de São João Evangelista de 1673, irmã Margarida Maria estava rezando diante do Santíssimo Sacramento. Jesus, então, se manifestou a ela de forma visível. Tal cena iria se repetir durante dois anos, sempre na primeira sexta-feira de cada mês.

Ao falar dessa visões, passou por incompreensões e julgamentos precipitados. Mas o padre jesuita Cláudio de la Colombiére foi indicado para fazer seu acompanhamento espiritual. Ele era muito respeitado no tratamento de experiências místicas. Com discrição o zeloso padre conseguiu penetrar nesse mistério, até referendar as palavras de Margarida Maria. Ao final de dois anos, na manifestação de 1675, Jesus se apresentou com o peito aberto e, apontando para o coração disse: “Eis o Coração que tem amado tanto aos homens a ponto de nada poupar até exaurir-se e consumir-se para demonstrarlhes o seu amor. E em reconhecimento não recebo senão ingratidão da maior parte deles.”

Margarida foi nomeada mestra das noviças. E teve o consolo de ver que, aos poucos foi se consolidando a devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Morreu suavemente, no dia 17 de outubro de 1690, quando estava com 43 anos de idade. Foi canonizada em 1920, pelo papa Bento XV. A data da sua festa foi antecipada de um dia, para o dia 16 de outubro, para não coincidir com a de Santo Inácio de Antioquia. Leão XIII consagrou o mundo ao Sagrado Coração de Jesus e o papa Pio XII recomendou esta devoção que nos leva ao encontro do coração eucarístico de Jesus.


Reflexões

A história de Santa Margarida nos transporta ao Evangelista e Apóstolo João, que tinha por costume reclinar sua cabeça junto ao peito de Jesus. Ali encontrava abrigo e proteção; com íntima pureza de criança, ouvia as batidas do Sagrado Coração, penetrando em todos os seus insondáveis mistérios, na plenitude de Sua misericórdia, do Seu Amor infinito. Os evangelistas referem-se a ele como "o discípulo que Jesus amava". Ele que, junto a Maria Santíssima fez-se presente aos pés da Santa Cruz; ele, que representando toda a humanidade, recebeu das mãos de Jesus a Maria. A Mãe de Deus, naquele momento, era a ele confiada como Mãe de todos os homens. É certo que São João foi Maternalmente consolado e amparado, encontrando junto ao Imaculado Coração, o mesmo aconchego filial que recebera carinhosamente do Divino Mestre.

Santa Margarida, ao ser milagrosamente curada, propôs-se a entrar no Convento das Irmãs Ursulinas, mas Jesus como que "cochichando" em seu ouvido, mandou que ingressasse no Mosteiro de Santa Maria da Visitação, pela devoção que a congregação cultivava pelos Corações de Jesus e Maria. Assim como São João, Santa Margarida conheceu o Coração de Jesus de perto, penetrando nas suas mais íntimas maravilhas, impossíveis de serem assimiladas pelo nosso frágil discernimento. Mas é justamente para nós que está direcionada esta graça, a graça de obter os favores espirituais através da devoção ao Sagrado Coração de Jesus. É mais um dom precioso que o Senhor nos deixou por herança. Não passemos indiferentes diante deste tesouro valiosíssimo, capaz de proporcionar abundantes graças não só para nós ou para nossas famílias, mas extensiva a todas as pessoas que andam mais afastadas da Igreja e particularmente, às almas que ainda padecem no purgatório.